Assim que o Mullá saiu da mesquita, logo após as
orações, um mendigo sentado na rua pediu-lhe uma esmola. A seguinte
conversa teve lugar:
Mullá: "Você é extravagante?"
Mendigo: "Sou, Mullá".
Mullá: "Gosta de sentar-se por aí para tomar um café e fumar?"
Mendigo: "Gosto".
Mullá: " Suponho que gosta de ir aos banhos todos os dias."
Mendigo: "Gosto".
Mullá: "...como também talvez se divirta bebendo com os amigos".
Mendigo: "É, gosto de todas essas coisas".
"Chega, já chega", disse o Mullá, e deu-lhe uma moeda de ouro.
Alguns metros adiante, outro mendigo, que havia escutado a conversa anterior, pediu-lhe inoportunamente uma esmola.
Mullá: "Você é extravagante?"
Mendigo: "Não Mullá."
Mullá: "Gosta de sentar-se por aí para tomar um café e fumar?"
Mendigo: "Não".
Mullá: " Suponho que gosta de ir aos banhos todos os dias..."
Mendigo: "Não".
Mullá: "...como também talvez se divirta bebendo com os amigos".
Mendigo: "Não, quero apenas viver modestamente e rezar".
Ao que o Mullá estendeu-lhe uma pequena
moeda de cobre.
"Mas por quê", queixou-se o mendigo, "você me dá um
tostão a mim, um homem pio e frugal, enquanto dá àquele companheiro
extravagante uma moeda de real valor?"
"Ah, replicou o Mullá, "as necessidades dele são maiores que as suas."
Do livro: Histórias de Nasrudin - Edições Dervish
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