"Esta é uma estorinha que eu gosto de usar com a finalidade de
dizer que, mesmo que você ainda não saiba fazer algo, poderá fazê-lo desde que
tenha vonta
de de verdade. Ela pode ser útil, para casos em que a pessoa teve um
educação repressiva e está se reprimindo, impossibilitando-se de alternativas
que a vida lhe dá de crescer no trabalho, mudar, casar etc., ou porque falhou
uma vez, ou por nunca ter se atrevido, e você vê que a pessoa tem
possibilidades. Você descobrirá inúmeras outras utilidades."
... Esta é a estória de uma aguiazinha filhote que foi achada
por um fazendeiro, com a asa quebrada, na floresta. Para salvá-la, ele a levou
para a sua fazenda... não tendo onde colocá-la, botou-a junto das galinhas, num
galinheiro. Deu comida de galinha e cuidou dela como se cuida de uma galinha.
Ela se curou, mas foi crescendo como se fosse uma galinha. Às vezes achava
esquisito ser tão diferente: não cacarejava, seu bico era grande e tinha grandes
garras. Mas ali ficava, triste, vendo que havia algo que não estava bom, sem
fazer nada...
... Até que um dia passa por aquelas paragens um naturalista...
que, ao ver uma águia (ave de rapina) criada como se fosse uma galinha, leva o
maior susto. Era preciso ajudá-la a mudar! Pediu licença ao fazendeiro para
ensiná-la a voar e começou....
... No primeiro dia... pegou a águia e colocou-a no braço,
dizendo: você não é uma galinha, é a rainha dos pássaros, uma águia; bata suas
asas e saia voando... A águia não entendeu nada... Nunca tinha visto uma águia
antes... pulou para o chão e voltou para o poleiro...
... No segundo dia... o naturalista, inconformado, resolveu
explicar melhor... Levou-a ao alto do telhado e mostrou que ela podia voar dali,
que ela tinha asas que a fariam sair voando, que suas asas eram maiores que as
de uma galinha... além do bico... do seu canto... e que suas garras foram feitas
para alcançar seu alimento, quando assim lhe conviesse... Bastava que ela
batesse as asas e saísse voando... A águia entendeu que era diferente, porque
assim se sentia; mas ela ainda não sabia como... E assim, voltou ao poleiro com
toda aquela estória de liberdade, asas, garras, rainha dos pássaros...
... No terceiro dia... o naturalista entendeu que era uma
questão de tempo e oportunidade... Então ele fez a oportunidade... levou-a para
o alto das montanhas, lugar de águia, e mostrou muitas outras águias voando...
Voltou a dizer: bata as asas e saia voando... Suas asas foram feitas para voar
alto... você é a rainha dos pássaros... Ela ficou observando as outras e, de
repente... num grito de liberdade... num grito de águia... saiu voando de asas
abertas... Diz a lenda que esta águia nunca fez uma galinha de vítima, porque
foi com as galinhas que aprendeu a ter o pé no chão, a catar seus grãos de milho
e, de vez em quando, sentar no poleiro, esperando sua vez...
Do livro "Hipnoterapia
Ericksoniana passo a passo" - Sofia M. F. Bauer - Editorial Psy
(pág.123) - 1998
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