Era uma ordem e tinha que ser obedecida.
Nos primeiros dias, o mandarim se fez barbear com toda tranqüilidade, pois não esperava que a ordem fosse cumprida de imediato, mas, à medida que o tempo avançava, começou a se perguntar se o dia seria amanhã.
O entendido mandarim passou então a viver cada dia
como se fosse o último, e livre da "obrigação de viver", o rico mandarim
se pode permitir ver como era lindo o amanhecer, como eram diferentes
os tons de verde dos seus campos, como era alegre o canto dos pássaros e
como eram belas as suas cores, como eram imponentes e cheios de força
os rios que cortavam suas propriedades. Viu também toda a beleza de uma
tormenta, numa exibição gratuita de energia e violência. Viu também que
tinha um corpo e se deu conta de que, só tendo um corpo capaz de sentir,
podia viver a beleza da vida. Por tudo isso valia a pena viver!
Agora o barbear era uma agonia e, embora tivesse dado uma contra-ordem ao barbeiro, mandou decapitá-lo, por via das dúvidas.
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