No início da década de 1980, eu era gerente de vendas
de uma grande companhia de treinamento. Uma das minhas
responsabilidades era treinar pessoas na área de vendas. Eu era bom no
meu trabalho. Ensinava às pessoas que falta de tempo e de oportunidade
eram apenas desculpas por não se ter produzido resultados.
Minha mãe, que morava perto de mim, é uma imigrante
grega que vem de uma família de 12 filhos. Ela estudou apenas até o 3°
ano primário. Sua grande provação ao vir para seu novo país era estar
separada dos amigos e dos parentes, alguns dos quais também vieram, mas a
cidade era grande e eles moravam muito distante. O ponto alto de cada
semana era o domingo, quando ela enfrentava um trajeto de uma hora de
ônibus para ir até a igreja. Depois do culto, enquanto tomava uma xícara
de café grego, ela e as amigas conversavam sobre os últimos
acontecimentos, fofocavam e contavam histórias sobre suas famílias. Ela
fez isso durante trinta anos.
A população grega da nossa região cresceu o
suficiente para que se pensasse em construir uma nova igreja no nosso
bairro. Os membros do comitê decidiram levantar o capital inicial
vendendo bilhetes de uma rifa. Minha mãe agarrou a chance de participar.
Ela não tinha treinamento formal na arte de vendas, mas isso nunca
passou pela sua cabeça. Seu plano era simples: oferecer bilhetes para o
maior número de pessoas possível e fazê-las sentir-se culpadas se não
comprassem.
Foi aí que eu entrei em cena. Ela disse que eu era
muito importante e que devia conhecer muitas pessoas. Deu-me dez talões
com dez bilhetes cada, com o preço unitário de um dólar, fazendo um
total de cem dólares. Uma semana depois, eu apareci com apenas metade
dos bilhetes vendidos. Grande erro!
– Se pelo menos eu tivesse mais tempo, eu poderia
vender todos estes bilhetes que você me deu – eu disse à minha mãe. – Eu
simplesmente não tenho tempo.
– Conversa fiada (pelo menos foi o equivalente em
grego para conversa fiada). Ou você faz uma coisa ou tem um monte de
desculpas para dizer por que não fez – minha mãe disparou de volta. –
Você arranjou tempo para jantar fora, assistir televisão, correr e ir ao
cinema. O que o tempo tem a ver com isto? Nada! Você pensa que é tão
esperto com todo o seu estudo e seu emprego importante, mas não consegue
nem mesmo dizer a verdade.
Depois de falar todas essas verdades, ela começou a
chorar. Fiquei desolado. Concordei, na hora, em comprar o resto dos
bilhetes. Ela parou de chorar imediatamente e disse:
– Quando você quiser alguma coisa, faça qualquer
coisa para conseguir, até mesmo chorar. – Sorriu e continuou: – Eu sabia
que, se chorasse, iria funcionar com você, e por ser tão patético com
suas desculpas aqui estão mais dez talões. Agora vá e venda todos.
Como gerente de vendas, eu perdia feio para minha mãe.
Ela continuou, demonstrando que não arranjando
desculpas poderia produzir resultados extraordinários. Ela conseguiu
vender mais do que qualquer outro voluntário, fazendo uma média de 14
por 1. Vendeu sete mil bilhetes. Sua ameaça mais próxima foi um vizinho
que vendeu quinhentos.
Aprendi um novo nível de distinção entre tempo e
resultados. Eu sempre quis ter o meu próprio negócio, mas dizia
constantemente que não era a melhor hora e que não tinha dinheiro.
Porém, eu continuava a ouvir a voz da minha mãe na minha cabeça: "Ou
você faz uma coisa ou tem um monte de desculpas para dizer por que não
fez".
Seis meses depois, saí do meu emprego e comecei o meu
próprio negócio, treinando as pessoas em como administrar o tempo. Que
outro campo eu poderia ter escolhido?
Do livro: Espírito de Cooperação no Trabalho
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